A pedinte
A mulher entrava no café, a seguir ao almoço, com o seu sorriso habitual, sempre carregada com sacos de plástico, e perguntava:
- Está tudo bem?
Já sabíamos ao que vinha. Se lhe déssemos 50$00, nada dizia. Porém, se a oferta fosse uma moeda de 100$00, perguntava de seguida:
- Quer troco?
Depois disto, invariavelmente, desejava felicidades e arrepiava caminho, para onde quer que fosse.
Era isto todas as Segundas-feiras (é dia de feira em Santo Tirso), na altura em que o meu pai tinha o café. Entre nós era conhecida como a do "quer troco". Ninguém sabia o seu nome. Dela, só lhe conhecíamos o sorriso e a generosidade, apesar de tudo.
2 Comments:
Que bela história... Inspira-nos uma simpatia quase infantil, apesar de tudo. Um bom mote para um romance ao estilo de Charles Dickens.
Bjs mil
:)
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