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segunda-feira, novembro 13, 2006

O medo das alturas


Foi sem esforço que acabei por escutar a conversa de 3 simpáticos jovens já na sua tenra idade - rondaria os 60-80 (confesso que a atribuição de idades nunca foi a minha especialidade!) - bem perto do final da viajem num desses pouca-terra que se deslocam intercidades. Dizia um deles que, uma vez, aquando de uma das suas viagens de avião, no final da aterragem as pessoas desataram a bater palmas. Pensou ele "mas que diabo, isto já vai assim?". Responde-lhe a senhora que é costume fazer-se isso, presenteando uma boa aterragem. Ao que ele, prontamente, riposta: "Então não é esse o trabalho deles?".

Não podia dar mais razão a este sensato senhor. Não cabe na cabeça de ninguém chegar a uma repartição de finanças e desatar a bater palmas só porque fomos despachados mais depressa que o costume (se bem que até ajudasse nalguns casos), ou bater palmas à mulher do talho porque nos serviu aquela parte mais tenrinha. É certo que poderão contra-argumentar que no caso de uma aterragem de avião está em jogo a vida. O mesmo não acontece no talho.

Até aqui tudo bem, não fosse o caso, pelo menos em Portugal, de se morrer mais nas estradas que nos céus! Por acaso no final das viagens de autocarro o motorista é aplaudido? Serão os taxistas ovacionados no final da bandeirada? Não! Então, sejamos justos. Ou passamos a aplaudir todos aqueles que nos entregam sãos e salvos nos nossos destinos (incluindo os nossos pais, familiares, parentes, amigos, namorada(o)s, etc.), ou deixamos de aplaudir de todo.
Cheguei a casa, inteiro. Não aclamei.

1 Comments:

Blogger Catarina Soutinho said...

Sou aquele tipo de pessoa que no final de um espectáculo aplaude entusiasticamente e resiste (por boa educação) ao assobio. Mas, por vergonha do rídiculo, nunca aplaudi uma aterragem! Quando viajo, preparo-me sempre para o pior.

No caso das aterragens, durante muitos anos, pensei que quem aplaudia eram os emigrantes que, incapazes de conter a alegria de rever o seu Portugal, batiam palmas, sorriam uns para os outros e diziam: "Tás a ver!"

Agora acho que batem palmas porque pensam: « Que sorte eu tenho. Voei neste chaço,em classe sub-turística, comi uma merendinha de qualidade duvidosa, tenho a coluna partida em 30 lugares diferentes, não preguei olho e não consegui ler as legendas da porcaria do filme, mas, pelo menos, sobrevivi. Aplaudo e até brindo se houvesse algo para beber... mas não há! Que se lixe..."

11/14/2006 03:17:00 da tarde  

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