Daquela janela
Os ramos abanam. As folhas estremecem. Este ar do deserto arrepia-nos a mente.
Aproxima-se uma chuvada. Pensamos. Trovejará? Talvez não. Ainda não se vislumbra no horizonte aquela tonalidade amarelada tão característica do "sol de trovoada".
A brisa, ininterrupta, carrega nos braços o peso do tempo ido. E ao intensificar-se fustiga-nos com rajadas de lembranças. De saudades. De vontades.
Hoje o céu chorou. Verteu uma lágrima que se despenhou no solo, levantando uma poeira de aroma, ao jeito de quem aplica uma bafarada de um perfume francês.
O odor a terra penetrou-me pelas narinas até à alma. De tal forma que parei. Da janela fitei as folhas e os ramos ao vento. E vi a lágrima.
O céu chorava.
E eu, feliz, inebriado pelo cheiro, lembrava.
Apeteceu-me chorar.
1 Comments:
Parece que me estou a tornar numa "habitué" nos comentários ao teu blog, contudo, não poderia deixar passar este momento!
Como vês, a exposição de quem escreve é sempre relativa, porém, deliciosa para o leitor!
Espero ler mais coisas que venham "ab imo pectore"!
Sem medo...
Fica bem...
Enviar um comentário
<< Home