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quarta-feira, junho 14, 2006

“Laissez faire, laissez passer”


Faz algum tempo que não comprava o “Público” ao Sábado. Porém, no dia 3 de Junho tive a feliz ideia de o adquirir e achei deveras interessante a crónica do Daniel Sampaio na revista Xis. Interessante não só pela relevância, mas também por ter discutido este tema com algumas pessoas noutras alturas.

Falava então o psiquiatra acerca do “paitrocínio” e de como a adolescência se prolongou ao longo das últimas décadas, em parte devido ao prolongamento da escolaridade e também devido ao desentusiasmo de muitos jovens de hoje em terem o seu “cantinho” independente. Tendo sido educados em maior liberdade, estes jovens “têm quase sempre o seu quarto, podem trazer amigo[a]s e namorado[a]s, têm semanada e carta de condução aos 18 anos, com facilidade se trancam no quarto e ouvem os pais a baterem à porta com todo o cuidado.”

Daniel Sampaio prossegue, afirmando que muitos jovens “têm, em regra, muito poucas responsabilidades: educados na infância com excesso de gratificações, habituam-se desde muito novos a ser exigentes e assumem muito poucas tarefas em casa, limitando-se a estudar (na melhor hipótese). Para quê, então, começar a trabalhar, cuidar da casa e da roupa, ter de gerir com cuidado um dinheiro que custou a ganhar?”

De forma mais ou menos cáustica, Daniel Sampaio termina alertando para a falta de “pressa em sair de casa e em tornar-se adulto. (…) Sobretudo quando há o «paitrocínio»: chamo assim ao amparo, auxílio e protecção financeira, que os progenitores mantêm (…) , mas o completo «tomar conta», por parte dos pais, de um adulto saudável, contribui para a progressiva desresponsabilização dos jovens e é gerador de conflitos familiares (…)”

Termino eu de igual forma, subscrevendo tão sábias palavras: “os «paitrocínios» fomentam a preguiça e a irresponsabilidade, (…), é tempo de os mais velhos dizerem aos filhos que chegou a altura de eles tomarem o destino nas mãos.”